segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Antes, o tango - RUY CARLOS OSTERMANN


Calmáte, radicales. No sábado, desavisado de tudo o mais que circulava pelos ouvidos e pelas bocas, sobretudo porto-alegrenses que eram as que podia identificar, fui ouvir tango. Me paramentei até certo ponto embora hoje se possa ir em manga de camisa assistir a um concerto. Uma certa democracia social do espetáculo. Enfiei um casaco esporte e não estava destoante.

Muitas cabeças brancas, uma paisagem que faz falta em muitos lugares, mas também alguns mais jovens, aos pares porque o tango, embora seja dramático, quase decisivo, é romântico, desabridamente romântico, choroso, de lamúria funda e irremediável, alguns versos populares mais lindos que já se ouviu.

Cafe de los Maestros (foto) faz um tango com nervuras e um gosto que dominou a plateia do Bourbon Country e quase a fez cantar junto. Somos tímidos e mais ainda em espanhol, entende-se. Eu mesmo, às vezes pretensioso, baixei a guarda e fiquei calado, mas emocionado com La Cumparsita e os rechiflaos, os sentimentos repassados por Juan Carlos Godoy, que vem de longe, dos 30 e 40, puro ouro tangueiro.

Os aplausos foram entusiasmados, longos e de pé, houve bis. Ali se revelou mais uma qualidade dos Maestros: reproduziram todo o espetáculo, a linha superior de cinco violinos, mais um baixo, à frente três acordeões, um baixo acústico à esquerda, logo depois o piano e, à frente de todos, o maestro; depois o bis do violão com o acordeão, o casal de cantores, a formação de quartetos, os dois bailarinos jovens e impecáveis e, finalmente todos, lado a lado, para os agradecimentos.

Calmáte, radicales. Foi a melhor das noites.

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